A MOITA DO MOITA

A MOITA DO MOITA

Eu só não quero é ter remorso.

09 junho 2008

Mulher macho sim senhor

A ignorância trabalha a favor do preconceito.
Em 1930, foram candidatos Getulio Vargas a presidente e João Pessoa a vice.
Na época, o voto era aberto, ou seja, do lado esquerdo estava o livro de Julio Prestes e do lado direito estava o livro de Getulio.
E ai! Daquele que, na fila, trocasse o livro de votação; seria severamente punido pelos seus Coronéis de plantão que ali ficavam o dia inteiro pra dirigir o voto da “manada”. Esse era o chamado “Voto de Cabresto”.

Apuradas as eleições, quem foi eleito? Quem? Quem? Julio Prestes, lógico.
E aí, João Pessoa disse a Getulio:
- Ou teremos voto secreto, ou nunca nós do Partido Liberal ganharemos uma eleição.

A partir daí travou-se o seguinte diálogo:

- Nós temos que partir pra luta, pra bala, Getúlio.
- Mas como poderemos brigar sem termos armas? João.
- Brigaremos de baladeira (estilingue), bodoque, funda, pedra e páus, de qualquer jeito.
Convenceu Getulio e ele subiu do Rio Grande do Sul e João Pessoa desceu da Paraíba, para a luta armada.

No Recife, João Pessoa foi assassinado, o que revoltou a maioria da população brasileira e a revolução de trinta ganhou muito mais força e adeptos. Getulio terminou amarrando os cavalos no monumento do Ipiranga em São Paulo.
A partir daí, chegou ao Rio de Janeiro já de trem, aclamado pelo povo.

Tivemos a partir de Getulio, o voto secreto, a jornada de 8 horas, o descanso semanal, as férias, o FGTS, ou seja, as leis trabalhistas em geral e etc.

Considerando que a revolução iniciou com João Pessoa da Paraíba, Humberto Teixeira fez a música Paraíba Masculina e Luiz Gonzaga gravou. Foi uma homenagem a um Estado tão pequenino, feminino, mas que transformou a nação inteira.

Por má interpretação, e ajudada pelo próprio Gonzaga, na sua ultima versão, empurrado pela sua gravadora a seguir a onda e ganhar mais grana, ele gravou a versão que diz: “vai pra lá peste” e ai desvirtuou toda criatividade e todo o arcabouço histórico que Humberto Teixeira quis imprimir na música.

No Brasil, somente existem dois estados femininos: a Bahia e a Paraíba, (mesmo Santa Catarina que deveria ser feminino, não o é). Sempre nos referimos a ela como: o Estado de Santa Catarina. Não dizemos a Santa Catarina do jeito que dizemos a Bahia e a Paraíba.

Certos versos, como o que diz: “eita, pau Pereira” se refere a Zé Pereira que indignado com o voto de cabresto e outras excrescências da República Velha, proclamou a República Independente de Princesa (cidade onde vivia, também na Paraíba).

Outro verso: “seu bodoque não quebrou” refere-se à coragem de João Pessoa em brigar de qualquer forma, mesmo de bodoque.
“Hoje eu mando um abraço pra ti pequenina.
Paraíba masculina
mulher macho sim senhor”

“Mulher macho” não tem nada a haver com sapatão. “Mulher macho” se refere à própria Paraíba (Estado), pequenina, feminina, porém definitiva na história da nossa nação.

Vamos divulgar a história correta e acabar com essa ignorância infame.