Você pode acreditar que alguém possa escrever um texto como esse que está aqui logo abaixo e entre aspas?
“Sabe o que ando gestando? Uma idéia-mãe! Um romance americano isto é, editável nos Estados Unidos. Já comecei e caminha depressa. Meio à Wells, com visão do futuro.
O clou será o choque da raça negra com a branca, quando a primeira, cujo índice de proliferação é maior, alcançar a raça branca e batê-la nas urnas, elegendo um presidente negro! Acontecem coisas tremendas, mas vence por fim a inteligência do branco.
Consegue por meio dos raios N., inventados pelo professor Brown, esterilizar os negros sem que estes dêem pela coisa. Todo negro gostaria de ter cabelos lisos, o professor Brown inventa uma pílula que ao tomá-la os cabelos ficam estirados imediata e permanentemente, Porem como efeito colateral esteriliza definitivamente o indivíduo. Assim ficariam livres desse povo”
Pasmem! Foi escrito por Monteiro Lobato. Cujos livros ainda são recomendados para crianças.
“Pois cá comigo - disse Emília- só aturo estas histórias como estudos da ignorância e burrice do povo. Prazer, não sinto nenhum. Não são engraçadas, não têm humorismo. Parecem-me muito grosseiras e até bárbaras - coisa mesmo de negra beiçuda, como Tia Nastácia. Não gosto, não gosto, e não gosto!”
Na literatura infantil, ele também desliza feio. Dona Benta é culta, sábia, prudente, arrumada e branca. Tia Nastácia, é medrosa, supersticiosa, feia, "negra beiçuda”. Incrível como escapole o racismo, o tempo todo. Dá até calafrios. E olhe que naquele Sítio “maravilhoso”, a única pessoa que trabalha é a Nastácia.
Eu li, como quase todo menino da minha época, mas os filhos do Moita nunca leram Monteiro Lobato. Não permiti. Um escritor racista ao extremo e oportunista que, tido como nacionalista, na verdade, só pensava nele mesmo e na sua crença de que o negro era inferior.