Neste mundo é mais rico, o que mais rapa
Fico assistindo e lendo os notíciários.
É vergonhoso esse período que estamos passando.
Não pude esquecer o Gregório de Matos:
"Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
com sua língua ao nobre o vil decepa:
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
quem menos falar pode, mais increpa:
quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por Tulipa;
bengala hoje na mão, ontem garlopa:
mais isento se mostra, o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
e mais não digo, porque a Musa topa
em apa, epa, ipa, opa, upa."
Comentário meu:
Esse soneto de Gregório de Matos é o que mais gosto, apesar de ter sido feito na decada 1680, continua super atual:
“Quem mais limpo se faz tem mais carepa”
(Não sei a quem ele se referia.)
“Bengala hoje na mão, ontem galorpa”
(quanto a bengala que o diga Dirceu)
(galorpa é sinônimo de plaina de carpinteiro.
ontem era o torno mecânico)
Apa = rapa, roubo
êpa = susto da gente
ipa = susto não contabilizado
opa = interjeição de satisfação quando recebiam a grana
Upa é o imperativo que se usa pra dar ordens às Mulas