Verdes
Por vezes, também tiro o Domingo, que e é um dia cheio de coisas importantes a serem feitas, pra preguiça.
Mas essa preguiça, invariavelmente, eu a emprego estudando o comportamento humano. Seja num teatro, num campo de futebol. Perco o espetáculo principal pra ficar atento ao comportamento dos meus três vizinhos da esquerda, por exemplo, se me chamarem a atenção.
Nada a haver com minha profissão de engenheiro. Mas tudo a haver com a vida.
A vida é fundamentalmente dependente do comportamento humano.
Porque, de fato, a vida depende exclusivamente dos microplânctos (fitos e Zôos planctos)
Hora! Então porque digo que a vida depende do comportamento humano e me contradigo em seguida, dizendo que exclusivamente são os microplânctos que determinam a vida?
Porque são os microplânctos oceânicos que produzem 98% do oxigênio do planeta fazem isso de forma contínua e determinada sem mudar um só décimo de segundo do seu objetivo. É a determinação genética da natureza pura, criada bilhões de anos antes da aparição do ser humano.
Já o homem, diferentemente, dos microplânctos, tem a capacidade de não realizar tarefas predeterminadas geneticamente, pelo menos, com a precisão que a natureza realiza.
Por quê? Pergunto antes.
Você sabe qual é a única, mas a única mesmo, diferença entre o homem e os outros animais?
... A memória seletiva. E só.
A “memória seletiva” deu ao homem, igualmente, uma série de “memórias de conforto”.
Foi e é a memória de conforto, que faz o homem ser diferente dos planctos que trabalham sem parar até a morte sempre quando têm um mínimo de luz.
Não estou defendendo que trabalhemos sem descanso
ou que sejamos escravos da “memória de conforto” Nada disso.
Mas como o homem tem demonstrado que maneja e influencia tudo, inclusive os planctos, é necessário que dediquemos, mas tempo ao trabalho de tentar equilibrar os ecossistemas do que à “memória de conforto”.
Equilibremos os ecossistemas, mas não paremos a construção de uma estrada só porque tem uma arvore no meio do caminho com um ninho de Papagaio Verde que não corre o menor risco de extinção.
Este exemplo foi um fato. Uma estrada no Paraná parou por que o fiscal do IBAMA viu um ninho dessa ave numa arvore no meio da estrada a ser aberta. A construção parou três meses.
A empresa se prontificou a transferir/replantar a arvore inteira a 20 metros fora do eixo da estrada, com ninho e tudo. Nada, o IBAMA não arredou o pé.
Tudo na natureza é importante, mas nada é mais importante do que o ser humano. E aí, a “memória de conforto” deverá ser preservada sempre que se possa mantê-la indefinida e sustentavelmente.
Considerando que aquele tipo de papagaio não se extinguirá nunca, os verdes haverão de concordar comigo.
Entre mim e um papagaio verde, prefiro comer o papagaio.
Graciliano que o diga.