A MOITA DO MOITA

A MOITA DO MOITA

Eu só não quero é ter remorso.

31 agosto 2010

Verdes

Por vezes, também tiro o Domingo, que e é um dia cheio de coisas importantes a serem feitas, pra preguiça.

Mas essa preguiça, invariavelmente, eu a emprego estudando o comportamento humano. Seja num teatro, num campo de futebol. Perco o espetáculo principal pra ficar atento ao comportamento dos meus três vizinhos da esquerda, por exemplo, se me chamarem a atenção.

Nada a haver com minha profissão de engenheiro. Mas tudo a haver com a vida.

A vida é fundamentalmente dependente do comportamento humano.
Porque, de fato, a vida depende exclusivamente dos microplânctos (fitos e Zôos planctos)

Hora! Então porque digo que a vida depende do comportamento humano e me contradigo em seguida, dizendo que exclusivamente são os microplânctos que determinam a vida?

Porque são os microplânctos oceânicos que produzem 98% do oxigênio do planeta fazem isso de forma contínua e determinada sem mudar um só décimo de segundo do seu objetivo. É a determinação genética da natureza pura, criada bilhões de anos antes da aparição do ser humano.

Já o homem, diferentemente, dos microplânctos, tem a capacidade de não realizar tarefas predeterminadas geneticamente, pelo menos, com a precisão que a natureza realiza.
Por quê? Pergunto antes.

Você sabe qual é a única, mas a única mesmo, diferença entre o homem e os outros animais?
... A memória seletiva. E só.

A “memória seletiva” deu ao homem, igualmente, uma série de “memórias de conforto”.

Foi e é a memória de conforto, que faz o homem ser diferente dos planctos que trabalham sem parar até a morte sempre quando têm um mínimo de luz.

Não estou defendendo que trabalhemos sem descanso
ou que sejamos escravos da “memória de conforto” Nada disso.

Mas como o homem tem demonstrado que maneja e influencia tudo, inclusive os planctos, é necessário que dediquemos, mas tempo ao trabalho de tentar equilibrar os ecossistemas do que à “memória de conforto”.

Equilibremos os ecossistemas, mas não paremos a construção de uma estrada só porque tem uma arvore no meio do caminho com um ninho de Papagaio Verde que não corre o menor risco de extinção.

Este exemplo foi um fato. Uma estrada no Paraná parou por que o fiscal do IBAMA viu um ninho dessa ave numa arvore no meio da estrada a ser aberta. A construção parou três meses.

A empresa se prontificou a transferir/replantar a arvore inteira a 20 metros fora do eixo da estrada, com ninho e tudo. Nada, o IBAMA não arredou o pé.

Tudo na natureza é importante, mas nada é mais importante do que o ser humano. E aí, a “memória de conforto” deverá ser preservada sempre que se possa mantê-la indefinida e sustentavelmente.

Considerando que aquele tipo de papagaio não se extinguirá nunca, os verdes haverão de concordar comigo.

Entre mim e um papagaio verde, prefiro comer o papagaio.
Graciliano que o diga.

24 agosto 2010

É COMO SE AS PAREDES RESPIRASSEM

É como se as paredes respirassem
e os cheiros misturados se sentissem
e todas as palavras não calassem
embora no silêncio se fundissem

É como se o olhar soubesse o toque
e o toque adivinhasse o que não visse
mas visse no murmúrio o mesmo enfoque
na imagem que se viu mas não se disse

É como se a manhã não mais chegasse
e o dia fosse noite todo o dia
É como não querer que se acabasse

o instante em cada instante que se adia
e o teto fosse o chão e o chão o teto
e toda a atmosfera fosse afeto

É como se de pétalas chovesse
o lustre mas tal chuva não caísse
É como se o desejo percebesse
aquilo que a razão não mais medisse

É como se a pergunta respondesse
e o ventre da resposta perguntasse
É como não se ouvisse e compreendesse
o mínimo cicio que faltasse

É como se arranhasse e não ferisse
e tudo o que sentisse, delicasse
É como se dos poros se parisse

a alma em cada gota que suasse
e o gosto fosse o gosto de um só gosto
e o fogo não soubesse de qual rosto

E sem que se pedisse, se virasse
e em forma de pirâmide se erguesse
Uma mão que no espelho se agarrasse
e a outra o travesseiro pertencesse

e o beijo noutra boca deslizasse
e enquanto esse subisse, essa descesse
e a boca desse beijo se molhasse
e o beijo nessa boca mais bebesse

e o que não fosse beijo se encostasse
e a boca mais ainda recebesse
e o beijo no pescoço assemelhasse

da boca que pulsasse a que gemesse
e o mais só sussurro, sussurrasse
e sem que se dormisse, mais sonhasse
AC

Hoje no Clube de Engenharia tivemos uma discussão sobre o comunismo de Dilma e para desabafar resolvi escrever esse texto.

Numa determinada ocasião, fui entrevistado por um jornal do RN.
(TRECHO da entrevista)

Perguntaram-me

- Por que deixastes de ser comunista?
- Porque deixei de ser burro.
- Mas Oscar Niemayer é comunista?
- É. mas porque, do ponto de vista da eficácia social, é burro.

A entrevista não foi ao ar.

Nem sempre achei que a teoria do comunismo era uma balela.
Agora acho. Por quê?

Por vários motivos a enumerar:

a) – Porque já fui comunista na adolescência;
b) – Porque o comunismo é arrogante. Não discute. É o dono da verdade. É absoluto;
c) – Porque quer promover o bem geral da comunidade sem valorizar o talento individual. Aí, nivela tudo por baixo;
d) – Porque tenta promover a igualdade sem liberdade; apesar que o dilema também ocorre no capitalismo que tenta promover a liberdade sem igualdade.
e) – Porque nunca deu certo em país nenhum, de continente algum e em época nenhuma.

Adianta uma inteligência arquitetônica extraordinária para uma arquitetura extraordinária.
Agora, essa inteligência arquitetônica extraordinária não adianta shit nenhuma, se ela não consegue pensar, socialmente, com eficácia.

Acho que, como arquiteto, Oscar Niemeyer é o maior do mundo.
Como Presidente da República do Brasil, seria o maior desastre.

Cada qual no seu cada qual.

Reproduzirei um texto de Saramar (Ih! Nem lhe pedi permissão) ela é genial.

“Como é possível gostar de quem não gosta da gente?

Estou perguntando por que Saramago, como todo comunista, não gosta dos indivíduos; entretanto, há muitos indivíduos que gostam dele.”

E agora? A Dilma é a mesma coisa.

14 agosto 2010

Com relação a polêmica causada pelo post "Clima e sua importância", Publico agora o comentário do meu amigo Silvio Vasconcelos que, não tenho nenhuma dúvida, responde melhor do que se eu tentasse. rsss

"Moita, querido!

Por mais polêmico que possa parecer o texto, concordo contigo por vários motivos: Quando falas no clima e a humanidade estás trazendo um tema num prisma de longo prazo. Sem querer ser cientista, estás sendo reflexivo e isso faz parte do ato de escrever.

A questão de cor, está mais para Darwin do que para preconceito. O incidência de sol nos trópicos justifica que milhares de anos de sol sobre os gens tenha feito alguma coisa. Ora, no norte, nas planícies e montanhas geladas, sobrevivia quem se camuflava melhor na neve, além do que ao abrigar-se 9 meses por ano do frio, adeus melanina.

No trópico, nas Savana africana, não havia como fugir do calor, ainda mais com a fruta disponível (a maçã, fruta do frio, é adaptação da idade média - gelada - mas isso é (a) outra história). As frutas eram outras, mas como explicar o Gênisis na Europa medieval com um negrinho comendo banana? Se, em pleno século XX, quiseram fazer um "limpa" na Europa e no século XXI continuam fazendo isso na Palestina, como não transformariam o judeu mais famoso num loirinho de olhos azuis?

A influência do clima é, sim, fator fundamental (não único!) nas diferenças econômicas etre lugares. Não falo em países, porque o homem foi capaz de adaptações por toda sua existência e miséria é miséria em qualquer canto (riquezas, essas, sim, são diferentes! E não sou o primeiro a dizer isso).

E para os aflitos com o aquecimento global recomendo ler
sobre Luiz Carlos Molion, cientista brasileiro mais conhecido fora que na terrinha:
http://blogdoambientalismo.com/molion-um-cientista-que-nao-se-curva-aos-ambientalistas-radicais/ Ou digite o nome dele no Google e se surpreenda.

O aquecimento, como é vendido, é marketing. A terra passa por ciclos e vivemos um de ESFRIAMENTO desde 1998. As catástrofes que vivemos são fruto da ação desordenada da ocupação humana em área que não deveria estar (encostas, planícies alagadiças, asfalto e concreto em cidades), que cria micro climas danosos.

Entendo teu post como uma bela reflexão e também entendo que não seja uma ode à fatalidade de ter nascido nos trópicos.

Afinal, dar-se conta de si é o que faz do homem o homem e, assim, a chance de ser indutor de seu destino."