A MOITA DO MOITA

A MOITA DO MOITA

Eu só não quero é ter remorso.

30 junho 2010

Governador governa. Presidente preside e Vice viceja. O povo decide.

Não gostei das escolhas de candidatos a Presidente e nem a Vice.

Não gostei do processo sucessório de lula, como um todo.

Em primeiro lugar, o Lula não discutiu o seu sucessor com as bases do partido em todos diretórios estaduais do PT, como era costume do partido.

Ele resolveu sozinho e tirou a Dilma do bolso do colete
(Indumentária que ele nem sabe usar e/ou combinar).

O vice foi escolhido por meia dúzia, se muito. rss

O Serra, meu eterno Presidente, cometeu o mesmo erro. Ou um erro maior:
Não só não consultou as bases de apoio como não consulto ninguém, acho eu.
Decidiu, provavelmente, sozinho.

Morro de saudades de Ulisses, Tancredo, Teotônio, Alckmin, Josafah Marinho, Otávio Mangabeira, Mario Covas que faziam política consultando “as vozes roucas das ruas”.

21 junho 2010

Saramago radiografado

O único defeito de Saramago foi ter sido comunista. Pois é uma teoria? Pratica? Sistema? Não sei definir. Só sei que nunca deu certo em país nenhum de continente algum e em época nenhuma. Entretanto seguindo Saramago com poucos parágrafos e poucas vírgulas, desejo confessar que adoro Saramago como nunca; adoro e provavelmente adorarei Lu Cordeiro como sempre.

Este artigo de Lu Cordeiro foi o melhor que já li em toda imprensa mundial.
Antes achava que Washington Post e Herald Tribune dos States, National Post do Canadá, The Guardian da Inglaterra e Le Monde haviam feito os melhores editoriais sobre Saramago. Errado! O melhor que se pode escrever sobre Saramago é este artigo de Lu Cordeiro que o transcrevo entre aspas.

"Morreu o maior escritor ― e único Nobel de Literatura ― de língua portuguesa, de todos os tempos.

Maravilhosamente iconoclasta, direto, honesto em sua postura, crítico contumaz das hipocrisias sociais. E absoluto conhecedor da língua pátria.
Com uma prosa maravilhosa, não economizava nas palavras, nem obedecia às regras para uma leitura fácil.

Inimigo de parágrafos, também aboliu travessões e outros artifícios que facilitassem o entendimento de diálogos, nos obrigando a não pestanejar em suas narrativas sob pena de nos perdermos. Por isso, mesmo, não agradava aos preguiçosos mentais.

Lúcido, absolutamente lúcido, irritava quem não o é. Demolia, com uma racionalidade ímpar, mitos e mitologias, pois os considerava funestos à liberdade de ser, pensar e agir.

Seus livros, ficcionais, baseavam-se em outras ficções, as religiosas, e liquidava com elas.

Referia-se à bíblia como um livro funesto, cheio de maus conselhos e perversidades. Um “livro de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”.
Quem conhece, de fato, a bíblia, e não faz interpretações mirabolantes, concorda com ele.

Saramago deixou Portugal e exilou-se na Espanha porque um de seus fantásticos livros, “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, que, aliás, foi o primeiro, de sua autoria, que li, não foi indicado por seus patrícios para que concorresse a prêmios literários. Foi censurado. E por quê? Porque quem ousa praticar “heresias” e declarar-se ateu com todas as tintas e letras, ainda é queimado na fogueira do obscurantismo, preconceito e difamação.

Ateu, sim, e com louvor. Ateu porque de uma coragem e capacidade analítica não encontradiças em pessoas comuns. Só os muito corajosos são ateus. Só os visceralmente honestos, consigo mesmos, são ateus. “Memorial do Convento”, “Ensaio sobre a Cegueira”, “Caim”... Quem mais poderia escrevê-los?

Sem Saramago o mundo fica mais burro, mais envolto na neblina de dogmas impostos, mais cegos quanto à própria capacidade de ser e poder.

O Vaticano praticamente comemorou a morte de Saramago. E deixou claro, em seu comunicado, o quanto o grande escritor incomodava as “santidades” que por lá transitam suntuosamente, às custas do medo e das mentiras que impõem ao mundo. Mas, o que é o Vaticano? Um califado incrustado em Roma, nada mais.

Saramago recusou-se a ser uma ovelha, não aceitou pertencer a rebanhos. Por isso foi detestado pelos pastores que não admitem que alguém ouse jogar-lhes, na cara, a verdade da vida.

Grande Saramago, que nunca foi pó e ao pó não voltou, fez-me dar risadas, hoje, ao reler “Caim”.

08 junho 2010

Vem morena

Esse teu fungado quente
bem no pé do meu pescoço
arrepia o corpo da gente,
faz o véio ficar moço
e o coração, de repente,
bota o sangue em alvoroço.

Esse teu suor salgado
é cheiroso e tem sabor,
pois o teu corpo suado,
pois tem cheiro de fulô.
Tem um gosto temperado
dos temperos do amor.

Certos versos deveriam ser imortalizados pela métrica, pela rima, mas, principalmente, pela força poética, pela poesia, pelo que transmite, pelo inusitado.

Zé Dantas e Luiz deveriam ser reverenciados por versos e sons tão sublimes e tão fortes como estes. Não são. Se esses versos fossem de Vinícius de Morais seriam endeusados.

Sem querer mudar a história da música. Apenas dar valor aos que, de repente, não foram valorizados.

Esses versos têm (ainda escrevo na velha ortografia. rss) uma presença poética que não foram devidamente analisadas antes, os dois. rss.

http://www.youtube.com/watch?v=yiTkqjhpyEM
http://www.youtube.com/watch?v=AUN9TFWHaWo

Copiem e abram esses link e veja como o grande compositor que se preocupa com métrica, ajuda aos músicos. Cada linha do verso deve ter um número muito aproximado de sílabas. Ou o mesmo número de sílabas, o que é melhor ainda. Ou, aferesa-se as sílabas. É simples.

Na música São João do Carneirinho quando Zé Dantas diz: "peça 'prele' me ajudar", foi pra ajudar o rítmo. Porque "peça para ele me ajudar" mataria qualquer músico ou a própria música. rssss

Hoje, temos músicos que se desdobram pra acompanhar compositores que desrespeitam a métrica em nome do diferente sem sentido.

O ritmo será sempre determinado pelo compasso. Tem o metrômetro, tem a colcheia, a semicolcheia, a fusa, a semifusa.

Ah! Você vai me dizer: "Temos que inovar e mudar completamente”. Ótimo. Então temos que mudar completamente o que se entendeu de música até hoje. Anularemos 4 mil anos de música?

Mas ainda continuo achando que não vai se achar ritmo algum que não se consiga enquadrar nos que já existem. rss