O Arcebispo de Olinda e Recife excomunga todos envolvidos no aborto legal menos a menina e o estuprador. A alegação é a de que o estupro é um pecado inferior ao aborto.
Quando a Igreja Católica queimou mais de 17.000 pessoas, e principalmente, no inquérito de Joana D’Arc., que foi queimada e na tentativa de queimar Galileu, afirmou nos seus autos que a primazia do pecado estava muito menos no pecador do que no indutor ao pecado. No mentor do pecado.
Quem foi o indutor ao pecado? Ou, não digo nem mentor, mas mentor e causador do pecado?
Sempre vi contradições na Igreja Católica, mas depois que foi eleito um Papa que pertenceu a Juventude Hitlerista, e começou achando que podia falar mal de Maomé e do Islamismo, comecei a me preocupar.
Nunca existiu entre os cardeais uma real disputa de projetos, os membros da Igreja que têm uma posição divergente, a chamada “ala progressista”, vinculada em maior ou menor medida à Teologia da Libertação, sobre a qual também não concordo, nunca esteve tão distante de Roma como depois do papado de João Paulo II e da ação de Ratzinger, que durante os últimos 24 anos foi o responsável pela Congregação da Doutrina da Fé, novo nome dado ao Santo Ofício, a Inquisição.
A Inquisição que queimou ou tentou queimar aquelas pessoas que me refiro no 2º parágrafo.
O grande inquisidor Ratzinger moveu uma verdadeira cruzada contra todas as manifestações progressistas da Igreja, o que lhe valeu apelidos como “rottweiller de Deus” e de “panzerkardinal”, referência ao famoso tanque de guerra alemão.
Exemplo dessa campanha foi a luta contra a TL, taxada como marxista, cuja opção pelos pobres e por uma Igreja popular foi duramente condenada e seus porta-vozes silenciados, como no caso do brasileiro Leonardo Boff.
Na área comportamental, Ratzinger, agora Bento XVI, é de um reacionarismo sem limites. Para ele, os homossexuais têm “uma forte tendência a uma maldade moral intrínseca, portanto uma inclinação que deve ser vista como uma enfermidade”.
Do mesmo modo, ele afirma que a sexualidade separada da fecundidade gera uma permissividade que “corrói a moral das pessoas”.
Bento XVI também já condenou anteriormente o movimento feminista e a ordenação de mulheres, que é para ele inaceitável.
O aborto, a camisinha (a abstinência sexual seria o único “método” válido para evitar a AIDS), o divórcio e até mesmo o rock são alguns dos alvos do novo papa.
Assim, não é a toa que a irmã de caridade Jeannine Gramick – que o cardeal tentou proibir de realizar serviços religiosos para gays e lésbicas – tenha declarado: “Essa escolha é devastadora. Evitará que o catolicismo saia da Idade Média e entre no século XXI”.
Resumo dessa ópera: temos um papa que não pode negar, pelo menos, que já foi nazista, a formar uma conduta conservadora, e por isso atrasada, medieval e incoerente.
E é por isso que vicejam Edir Macedo, Hernandes, Bispos e Bispas e outras religiões que podem muito bem se tornarem hegemônicas e terminarmos num Talibã cristão. Ou não.
Mas simplesmente a Igreja Católica regredir até não ser mais importante.
Ao Arcebispo de Olinda e Recife, onde vivi quase toda minha vida, deixo o meu repúdio. Além de lamentar que tal figura, hoje, seja um substituto de D. Helder Pessoa Câmara.
Não quero citar e nem me lembrar do nome dele.