A lógica do papel higiênico.
Hoje vi uma cena que me revoltou e imediatamente me lembrei de uma matéria que postei no passado. Não vou contar a cena; mas me desculpem, vou repetir o post.
Lendo Valéria Grassi falando de Virginia e sua cozinheira Nely e fazendo referencia a uma “diferença de mundos”, pensei de imediato na lógica do papel higiênico.
Existe uma lógica disseminada que sempre o patrão tem a lógica certa. É, digo certa, porque deve existir a lógica errada.
Por que a maioria dos patrões tem a lógica de comprar o seu papel higiênico, folha dupla, perfumado, super macio e o da cozinheira aquela lixa rosa choque, de uma folha só, sem nenhum poder de absorção. O que leva a consumir uma quantidade maior inclusive.
Calculei, como bom engenheiro, quantos rolos de papel uma mulher gastaria por ano. E, igualmente, calculei qual seria a economia que faria o patrão comprando a lixa para a empregada. Confesso que foi há muitos anos e que tenho que refazer os cálculos.
Pasmem, R$ 142,13 reais por ano. Nada. Concluo que o patrão não compra o mesmo papel macio para todos, por obedecer a uma lógica de que deve ser demonstrado a cozinheira que ela é um ser inferior. Já pensei muito e não acho outra explicação.
Quando visito uma pessoa, e normalmente, ela me apresenta a casa, eu presto muita atenção ao papel higiênico do quarto da empregada.
Isso pode definir se ela será minha amiga ou não.
Os meus amigos de infância, esses, já trocaram de lógica a muitíssimos anos.
O patrão sempre consegue
o seu papel de banheiro,
folha dupla, até com cheiro
e um portador que lhe entregue.
Ainda que ele pregue
a igualdade afamada.
O papel da empregada
não há cristão que lhe toque;
se tocar vai levar choque
naquela lixa safada.